sábado, outubro 09, 2010

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, in Mensagem

sexta-feira, outubro 08, 2010

Estória do Gato e da Lua

Veja a Estória do Gato e da Lua, do realizador português, Pedro Serrazina. É um filme de animação (35 mm b&w, com 5' 30") de 1995, que se transformou num marco na animação portuguesa.
Nascido em Lisboa em 1968, Pedro Serrazina estudou arquitectura no Porto durante 5 anos. Deixou o curso incompleto para se dedicar profissionalmente ao cinema de animação. O seu primeiro filme, Estória do Gato e da Lua, estreou em competição no festival de Cannes de 1996 e foi premiado com 15 prémios internacionais.
Em 2010 lança Os Olhos do Farol (35mm). É um filme sem diálogos e com a duração de 15 minutos. A técnica que utilizou traduz-se no desenho de personagens sobre combinação de imagem real e texturas pintadas. A banda sonora é de Harry Escott e a co-produção de Sardinha em Lata, Photon Films e Filmógrafo. Se quiser ver o trailer, clique aqui.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Trago Fado Nos Sentidos

Cristina Branco é uma cantora portuguesa nascida no Ribatejo em 1972.
Por influência do avô passou a admirar, aos 18 anos, Amália Rodrigues. Mas tudo começou quando, "por brincadeira", num jantar de amigos, cantou fado pela primeira vez embora não se considere fadista.
Pode dizer-se que iniciou a carreira com a gravação do cd (em edição de autor) "Cristina Branco Live in Holland", registado ao vivo em dois concertos realizados no dia 25 de Abril de 1996.
A seguir lança o disco "Murmúrios" onde reúne 14 temas, que vão desde fados tradicionais como "Abandono"(imortalizado por Amália, com texto de David Mourão-Ferreira) a versões de Sérgio Godinho ("As certezas do meu mais brilhante amor") ou José Afonso ("Pomba branca"). A maioria dos temas tem assinatura de Maria Duarte, autora dos textos, e música de Custódio Castelo.
Em França recebeu, em 1999, o Prix Choc da revista "Le Monde de la Musique" pelo melhor CD de música tradicional.
Em Fevereiro de 2000 edita o álbum "Post-Scriptum" (título de um poema de Maria Teresa Horta). Conquistou o Prix Choc, deste vez para o melhor álbum do mês de Março, em França.
Na Holanda foi editado o disco "Cristina Branco Canta Slauerhoff", o segundo desse ano, com textos do poeta holandês J. J. Slauerhoff (1898-1936), com tradução de Mila Vidal Paletti e música de Custódio Castelo. O disco constitui como que uma prova de agradecimento de Cristina Branco ao país que lhe abriu as portas do sucesso embora nunca tenha vivido na Holanda.
O disco "Corpo Iluminado", foi editado em 2001. Em 2002 é reeditado "O Descobridor", novo título para o disco onde canta Slauerhoff, com três novos temas.
O sexto álbum de Cristina Branco, de título "Sensus" foi editado 2003. A música é assinada por Custódio Castelo. O álbum conta com letras de David Mourão-Ferreira, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Eugénio de Andrade, Camões e Shakespeare, entre outros. "Ulisses" é o nome do disco seguinte, editado em 2005.
Em 2006 é editado um registo ao vivo. A cantora começa o ano de 2007 com vários espectáculos de revisitação à obra de José Afonso. Lança o álbum "Abril".
Em 2009 é editado o disco "Kronos", o primeiro sem a colaboração de Custódio Castelo.

Com a voz de Cristina Branco, aprecie Trago Fado Nos Sentidos, uma composição de Amália Rodrigues/José Fontes Rocha.


Trago fados nos sentidos
Tristezas no coração
Trago meus sonhos perdidos
Em noites de solidão

Trago versos, trago sons,
De uma grande sinfonia
Tocada em todos os tons
Da tristeza e da alegria

Trago amarguras aos molhos
Lucidez e desatinos
Trago secos os meus olhos
Que choram desde meninos

Trago noites de luar
Trago planícies de flores
Trago o céu e trago o mar
Trago dores ainda maiores

quarta-feira, outubro 06, 2010

Outra mulher d'armas: Maria Lamas

A 6 de Outubro de 1893, nasceu, em Torres Novas, Maria da Conceição Lamas, jornalista e escritora portuguesa. Maria Lamas notabilizou-se, sobretudo, por ter sido uma combatente de primeira linha na defesa dos direitos humanos. Aos 76 anos de idade, quando regressou a Portugal, após um longo exílio a que se viu forçada por questões políticas, concedeu uma entrevista ao Diário Popular na qual afirmou: «Deixei de ter problemas pessoais. Ultrapassei-os. Mesmo a saúde só me interessa porque quero viver para actuar, para participar no esclarecimento das pessoas e, sobretudo, da Mulher».
Nas suas obras utilizou diversos pseudónimos como, Maria Fonseca, Serrana d’Ayre e Rosa Silvestre.
São especialmente dignos de nota as suas obras na literatura infantil (Maria Cotovia - 1929; A Montanha Maravilhosa - 1933, O Vale dos Encantos - 1942, entre outros).
Como jornalista trabalhou em diversos jornais e revistas como “A Joaninha”, “A Voz”, “Correio da Manhã”, suplemento do jornal O Século intitulado “Modas e Bordados” e na revista “Mulheres”, da qual foi directora.
Publicou, também, alguns romances (O Caminho Luminoso - 1928; Para Além do Amor - 1935, entre outros).
O livro de Maria Lamas, As Mulheres do Meu País, é hoje um clássico da literatura portuguesa e obra incontornável para todos os que se interessam pela história da condição da mulher em Portugal.

terça-feira, outubro 05, 2010

Passaram 100 anos

Hoje comemora-se o centenário da revolução republicana (5 de Outubro de 2010). Esta é uma data histórica e como tal não poderia deixar de ser assinalada.
Trata-se de uma data relevante na nossa História - e extremamente inovadora na Europa - porque a nossa foi a terceira República europeia a ser instaurada, depois da França e da Suíça.
No início do século XX a regra no mundo eram os impérios e as monarquias. A excepção verificava-se no continente americano, nomeadamente na América do Norte, que foi a República que serviu de exemplo a todas as outras ibero-americanas.
Com a institucionalização da República as mulheres portuguesas ganharam mais direitos cívicos, sem que isso se verificasse no que se refere aos direitos políticos. Contudo o seu activismo cívico e associativo conheceu um enorme desenvolvimento.
Não poderia deixar hoje, 100 anos depois, de evocar algumas das mais destacadas figuras de mulheres do período inicial da República, designadamente: Adelaide Cabete (1867-1935), médica ginecologista, professora e grande feminista. Adelaide Cabete lutou contra o flagelo da mortalidade infantil, do alcoolismo feminino e da prostituição. Fundou, também, a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e organizou o I Congresso Feminista e de Educação.
Ana de Castro Osório (1872-1935), foi outra personalidade que se evidenciou como escritora, em especial de literatura infantil (é considerada a fundadora da literatura infantil em Portugal, tendo escrito, novelas, romances e peças de teatro), editora, pedagoga, publicista, conferencista e defensora dos ideais republicanos. Foi também fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e esteve ligada a outros movimentos feministas.
Angelina Vidal (1853-1917), foi professora, jornalista e propagandista dos direitos dos operários, nomeadamente das mulheres. Era uma republicana assumida, com intervenções públicas de cariz social.
Carolina Beatriz Ângelo (1877-1911), era médica (foi a primeira mulher a operar no Hospital de S. José) e foi primeira eleitora portuguesa, em 1911. Pertenceu a várias organizações feministas, tendo dirigido a Associação de Propaganda Feminista.
Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925), era romancista e destacou-se no ensino, tendo sido a primeira mulher admitida como professora universitária na Faculdade de Letras de Coimbra. É uma personalidade importante na história da língua portuguesa.
Emília de Sousa Costa (1877-1959), foi escritora e defensora da educação feminina. Contribuiu para a criação da Caixa de Auxílio a Raparigas Estudantes Pobres, leccionou na Tutoria Central de Lisboa, instituição para crianças delinquentes ou abandonadas e pertenceu ao Conselho Central da Federação Nacional dos Amigos das Crianças.
Maria Veleda (1871-1955), foi professora do ensino primário, foi escritora para crianças e fez parte da Liga Republicana de Mulheres Portuguesas e do Grupo Português de Estudos Feministas, sendo defensora da emancipação e participação política das mulheres.
Virgínia Quaresma (1882-1973), jornalista, distinguiu-se pelas suas reportagens de teor político e social, designadamente nos jornais O Século e A Capital e, também, no Brasil. Foi das primeiras mulheres a licenciarem-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo sido condecorada com a Ordem de Santiago pelos serviços prestados ao país durante a Grande Guerra.
Amélia Santos foi uma heroína popular que ajudou os combatentes posicionados na Rotunda, no dia 5 de Outubro de 1910.
Estas foram algumas das muitas mulheres que ao longo destes 100 anos lutaram pelos direitos com que hoje convivemos quase diariamente. Mulheres combativas, corajosas e lutadores, mas, injustamente esquecidas. Não poderia, especialmente hoje, deixar de as lembrar.
A luta pela instrução, protecção, saúde e educação cívica das crianças e das mulheres foi o princípio orientador das suas acções. Segundo elas só a educação podia contribuir para a emancipação das mulheres e a construção de uma sociedade mais justa e um mundo melhor.
Todas elas constituíram a vanguarda do movimento social da emancipação feminina, um importante núcleo da propaganda republicana e um precioso contributo para a defesa e consolidação dos ideais da liberdade e democracia.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Bailado?!

Aprecie o vídeo que lhe proponho hoje. A leveza dos bailarinos (ou serão ginastas?) é extraordinária. Aliada à leveza, é de notar a flexibilidade, a harmonia, o trabalho em equipa e o espírito de sacríficio.
É que tudo isto parece fácil mas, não é!
Ora veja.

domingo, outubro 03, 2010

Something

Esta apresentação musical é um tributo a George Harrison. A música SOMETHING faz parte do genial LP Abbey Road, de 1969, o penúltimo dos Beatles. "Something" é uma canção composta por George Harrison. É a única música de Harrison lançada como lado A de um compacto dos Beatles. Depois de "Yesterday" é a música mais gravada dos Beatles. Muitos melómanos consideram-na a melhor composição de Harrison.
Aprecie o início da música com a sequência do cavaquinho, das guitarras e por fim a entrada triunfal da orquestra. Preste atenção às baterias!!! Em seguida aprecie o dueto entre Paul MacCartney e Eric Clapton. Junte-lhes o back vocal e terá um clímax indescritível!!!
Vai conseguir identificar PAUL McCARTNEY, no cavaquinho e na viola, ERIC CLAPTON, na guitarra e RINGO STAR, na bateria.
Depois dos Beatles já muitos cantores interpretaram Something. Há quem afirme que Frank Sinatra a achava como a música mais bonita que conhecia. Chegou mesmo a gravá-la.