sábado, maio 21, 2011

Traduzir-se

Ferreira Gullar, é o pseudónimo de José Ribamar Ferreira (1930). Gullar é um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo. Ferreira Gullar foi agraciado com o Prémio Camões em 2010.
A propósito do seu pseudónimo, o poeta declarou o seguinte: "Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês. Gullar é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome".
Se quizer ficar a saber um pouco mais acerca deste poeta clique aqui e aqui.
Entretanto, deixo-lhe um dos seus poemas: "Traduzir-se".

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar

sexta-feira, maio 20, 2011

Lágrimas de Julieta

Matteo Negrin é um músico italiano. Para dar a conhecer o seu trabalho intitulado Lágrimas de Julieta (do álbum Som Glocal) resolveu fazê-lo de forma original.
A canção "Lágrimas de Julieta", pensada para acordeão e guitarra, vai sendo pintada/escrita na partitura à medida que a música vai sendo tocada. Mas, outros pormenores ali vão surgindo. Matteo Negrin acaba por transformar uma banal partitura numa pintura musical. Ainda por cima com uma mensagem importante.
Está curioso? Então veja o vídeo! O resultado é muito interessante, agradável e mesmo algo inesperado.

quinta-feira, maio 19, 2011

Lavadeira

Banco raso
Celha cheia
Mãos pretas em roupa branca

Silenciosa a lavadeira
Pende a frente num trama longo.
Carrega um mundo o fumo denso
Da boca muda baforado.

Ao lado
As moscas enxameiam a boquita entreaberta
Do seu filho adormecido
Arnaldo Santos

quarta-feira, maio 18, 2011

Toowoomba

Toowoomba é uma cidade australiana do estado de Queensland. Localiza-se a 132 km a oeste de Brisbane e tem uma população de 113.687 habitantes (dados de 2003).
A cidade é conhecida, também, como the Garden City.
Em janeiro de 2011, Toowoomba tal como outras regiões da Austrália, foi atingida por fortes chuvadas que provocaram enormes inundações.
O vídeo que seleccionei para hoje, mostra como o East Creek, perto de Chalk Drive e Chalk Lane, passa de um pacato e pequeno ribeiro para um rio com um regime torrencial que arrasta e arrasa tudo à sua frente.
As imagens do vídeo foram tiradas do segundo andar de um escritório situado perto de Chalk Lane.
Não perca!

terça-feira, maio 17, 2011

Saga

Filho de um músico, Filipe Catto começou a tocar e a cantar muito cedo. Oscar Alves, pai de Catto, percebeu que o filho tinha uma voz peculiar e que poderia tornar-se um músico de extremo talento. Filipe foi, assim, estimulado pelos pais a criar livremente, desenvolvendo características musicais muito próprias.
O jovem Catto passou a adolescência a gravar faixas musicais caseiras que mais tarde resultaram numa edição de autor.
Entre 2005 e 2006, participou em eventos, fundou e participou em algumas bandas, como Catto & Os Corujas, Ácido Vinil e Nancy Nancy, onde vigorava o seu lado mais rock e sarcástico. Escreveu a banda sonora da peça Andy/Edie, que foi muito elogiada pela crítica. Nessa mesma época, começou o seu projeto a solo, com músicas mais intimistas.
Em 2007, começou a fazer shows em bares o que o tornou mais conhecido. Passou também a fazer a divulgação da sua música na internet através do MySpace (www.myspace.com/filipecattomusic ). Foi ainda nesse ano que Catto teve, talvez, uma das experiências mais marcantes da sua vida. Mudou-se para Brooklin, em Nova York à procura de novas experiências pessoais e musicais. O contacto com outra cultura, acabou por avivar as suas influências brasileiras. Passou a pesquisar música brasileira, descobriu novos ritmos e apaixonou-se pela música latina em geral.
De volta ao Brasil em 2008 montou o show Ouro e Pétala. Este show mostra a influência na sua obra, de grandes intérpretes como Maysa, Elis Regina, Chico Buarque e Elza Soares. Mas o que lhe proponho que ouça hoje é Saga. Este pungente tema foi composto e gravado para o seu EP independente.
Com SAGA, Catto mostra as percepções mais íntimas, as suas amarguras, impulsos e anseios.
Não deixe de ouvir esta nova estrela do panorama musical brasileiro e este belo tema quer um quer outro prendem a atenção.
Se o quiser ouvir também no tema Garçom, clique aqui.

segunda-feira, maio 16, 2011

Amor como em casa

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa, compro um livro, entro no
amor como em casa.
Manuel António Pina - de Ainda Não É O Fim Nem O Princípio Do Mundo Calma É Apenas Um Pouco Tarde (1974)

domingo, maio 15, 2011

Mais um prémio

O Prémio Camões é o mais importante galardão de língua portuguesa.
O escritor português Manuel António Pina é o vencedor do Prémio Camões 2011.
Pina de 67 anos é poeta e autor de livros para crianças, nasceu no Sabugal, é licenciado em Direito, foi jornalista e é tradutor, professor e cronista.
O Prémio Camões, foi criado em 1989 por Portugal e pelo Brasil para distinguir um escritor cuja obra tenha contribuído para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.
No ano passado, o galardão distinguiu o poeta brasileiro Ferreira Gullar e nos anos anteriores foi entregue ao cabo-verdiano Arménio Vieira (2009), ao brasileiro João Ubaldo Ribeiro (2008) e ao português António Lobo Antunes (2007).
Já agora Miguel Torga foi o vencedor da primeira edição do prémio, em 1989.