sábado, junho 16, 2012

Declaração de Amor à Língua Portuguesa


Não deixe de ler esta declaração de amor à língua portuguesa feita pela escritora Teolinda Gersão. É longa, mas, vale bem a pena.


"Tempo de exames no secundário,os meus netos pedem-me ajuda para estudar português.Divertimo-nos imenso,confesso.E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas,mas as ideias são todas deles.
Aqui ficam,e espero que vocês também se divirtam.E depois de rirmos espero que nós, adultos, façamos alguma coisa para libertar as crianças disto.

Redacção – Declaração de Amor à Língua Portuguesa
Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito.”O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.
No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum,o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento,e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.
No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.
No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela, subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?

A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português, que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer. Luisa Fortes da Cunhao um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)

Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou : a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.
E pronto, que se lixe, acabei a redacção - agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.
E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.
João Abelhudo, 8º ano, turma C (c de c…r…o, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática).


sexta-feira, junho 15, 2012

A Moldávia é...




"A Moldávia é o meu país.
A minha pátria.
O melhor país.
Um país cheio de pessoas com amor e alegria".
Angela Raru - 10º G (PTT)  

quinta-feira, junho 14, 2012

Soneto Introdutório

Depois de ver os mundos que criara,
Cheios de força, cheios de esplendor,
Deus, em certa manhã formosa e clara,
Não bastando ser Deus, fez-se pintor.

Quis dar à vida outro primor,
E com as tintas que o Éden pintara,
Pôs em quadro de cumes e de cor
A curvatura azul da Guanabara.

É assim, oh!, viandante deslumbrado!,
Que vês, de longe, sobre o Corcovado,
O criador em sua pintura estranha;

E miras rutilante de beleza,
Cristo desabrochar da Natureza,
Como um lírio de luz sobre a montanha.
ROTEIRO SENTIMENTAL DO RIO DE JANEIRO de OSVALDO ORICO.

quarta-feira, junho 13, 2012

Quadras a Santo António



Ó meu rico Santo António
Ao colo tens um menino
Põe-me a mim no outro braço
Que ainda sou pequenino.






Ó Santo António de Lisboa
Tu tens fama de casamenteiro
Se o casamento fosse coisa boa
Tu próprio não ficavas solteiro!









Recolha de quadras para a disciplina de Português:
Diogo e Cláudia P. do 9º A.

terça-feira, junho 12, 2012

O país visto por alguns jovens

Portugal é...
"Um país pouco conhecido mas muito simpático. (...) A língua dele é muito rica e bonita , e eu estudo-a com muita vontade". Viktoria I.

"Um país cheio de história.  É bonito pelas suas paisagens (verdes, ou não), interessante pela sua cultura e religião e alegre pela sua música e dança". Vanessa B.


"Um país situado no oeste do continente europeu, que tem uma população de cerca de 10 milhões de habitantes". Bruno F.


"Um país actualmente com dívidas. (...) Um país unido. Um país inteligente".  Henrique P.

"Muito mais que um simples país situado na Europa. (...) Portugal não é apenas um país de cidades movimentadas e de praias junto ao litoral. Portugal tem antepassados, tem paisagens". Catarina B.


" Único. (...) Um país que apesar das tragédias, procura sempre a paz e felicidade. Um país que luta pelo bom ensino da juventude. (...) Um país cheio de cultura, de tradições e de algumas ambições também. (...) Um país cheio de pátria e orgulho, em que a palavra guerra não faz parte do seu vocabulário"... Júlio S.
Nota: Excertos de textos de alguns alunos do 10º B.

segunda-feira, junho 11, 2012

Samba Chic

Paula Lima (1970) é uma cantora e compositora brasileira de MPB.
Em 1992, no terceiro ano da faculdade, Paula participou na primeira banda, a Unidade Móvel, liderada por Eugénio Lima e Will Robson, que mais tarde gerou a Unidade Bop, com Paulo Checolli. Com a banda, lançou o CD "Quebrando o Gelo do Clube".
Em 1995, foi convidada por Skowa, a integrar o Grémio Recreativo Amigos do Samba, Rock, Funk &; Soul e, com a banda, participou do CD 23 de Jorge Ben Jor. Em 1997, fez parte da banda Zomba.
Entre 1998 e 2000, fez parte da Banda Funk Como Le Gusta, participando do CD "Roda de Funk". Foi convidada em 2000 por Bernardo Vilhena, a gravar um CD a solo intitulado "É Isso Aí" com Seu Jorge. O disco ainda conta com as participações de Gerson King Combo, Banda Black Rio, Ed Motta, Max de Castro, Ivo Meirelles, Funk'n'Lata e Xis.
Em 2010, Paula interpretou no Teatro, a protagonista Grizabella, no Musical Cats.
Ouça agora, a belíssima voz de Paula Lima, em Samba Chic, música que faz parte do seu repertório.

domingo, junho 10, 2012

Assim vai o país...

Portugal é...

"Um país que hoje em dia tem poucos agricultores. (...) Um país que está a atravessar uma grande crise financeira porque tem péssimos governantes, o que faz com que o povo fique prejudicado com as suas acções".  Catarina M.

"Nesta altura (um país) onde há muita falta de empregos. Há muitas pessoas que vão trabalhar para fora, e depois quando têm muito dinheiro, algumas voltam". Paulo B.

"Um país da Europa .(...) Um país turístico".  Edson S.

"Um país desenvolvido, com algumas condições de trabalho e habitação. Esse é um dos motivos pelo qual muitas pessoas vêm de outros países para conseguir ter melhores condições de trabalho, para poderem sustentar as suas famílias". Raquel  G.

"Um dos países que faz parte da União Europeia. (...)  Apesar de não ser um país muito grande, tem boas riquezas, no sentido do património". Sara A.

"Um país pequeno, com pouca população, na sua maioria idosa". Edmilson P.


"Um país situado na Península Ibérica, ou seja, faz fronteira com a Espanha. (...) A sua principal atracção turística é o Algarve e Fátima (para os mais religiosos)". Margareth S.

"Um país que apesar de não ser muito grande, tem grandes cidades com muito interesse". Sara B.


"Um país com paisagens interessantes para visitar".  Ana C.

"Um país que, em termos de habilitações, acho que há um número reduzido de jovens interessados em estudar, mas, acho que o estado tenta resolver essa parte, pelo menos é o seu dever". Bruna N.

"Um país muito bonito com vários sítios turísticos como Coimbra, (que é) um lugar muito conhecido por causa da Universidade". Carla M.

"Um país onde o prato mais conhecido é o cozido à portuguesa".  António M.

"Um país que tem muitas religiões, raças e costumes diferentes. (...) com esta mistura acaba por ser um país com muita "interculturização" (interculturalismo).  Abel T.

"Um país que atrai muitos turistas pela sua beleza. Um país com muitos monumentos, museus e praias". Tatiana A.

"Um país com muita pobreza, mas que ao mesmo tempo recebe bem os imigrantes". Diana C.

"Um país que apesar da crise se mantém sustentável, com vários sítios para se descobrir, tais como o Algarve e as Regiões Autónomas da Madeira e Açores". Elizabete S.

Excerto de textos dos alunos do 10º G - Curso Profissional de Técnico de Turismo (PTT).