sexta-feira, junho 29, 2012

Mais Quadras a S. Pedro

Fiz quadras a Santo António
E até mesmo a S. João.
P'ro S. Pedro vou tentar,
Mas falta-me a inspiração.

São João, Santo António e São Pedro
Que sois santos populares
Fazei que os "outros Santos"
Também desçam dos altares!

O São Pedro, é um artista,
Que diz aos jovens foliões;
Usem o beijo como isca
P'ra pescarem corações.

São Pedro que água mandais,
Morrer à sede não nos deixes,
mas não dês chuva a mais,
Que podes afogar os peixes.
Poesia - Rama Lyon

quinta-feira, junho 28, 2012

I am the escaped one





I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
My soul seeks me,
Through hills and valley,
I hope my soul
Never finds me.
Fernando Pessoa

terça-feira, junho 26, 2012

A melhor varanda de Lisboa

Hoje sugiro-lhe um passeio até ao Arco da Rua Augusta, que é considerado uma das melhores varandas de Lisboa. O Arco do Triunfo ou Arco do Triunfo da Rua Augusta erradamente chamado de Arco da Vitória é um arco situado na parte Norte da Praça do Comércio, sobre a Rua Augusta, em Lisboa, Portugal. A sua construção começou após o terramoto de 1755, mais concretamente em 1775, mas esta primeira versão viria a ser demolida em 1777 (após o inicio do reinado de D. Maria I e demissão do Marquês de Pombal). Em 1873 recomeça a edificação do arco segundo o projecto do arquitecto Veríssimo José da Costa que remonta a 1843/44, ficando as obras concluídas em 1875. Na parte superior do arco podemos ver esculturas de Calmels, enquanto num plano inferior se encontram esculturas de Vitor Bastos. As esculturas de Calmels representam a Glória, coroando o Génio e o Valor. As esculturas de Vitor Bastos representam Nuno Álvares Pereira, Viriato, Vasco da Gama e o Marquês de Pombal. O texto inscrito no topo do arco remete-nos à grandiosidade portuguesa aquando dos descobrimentos e à descoberta de novos povos e culturas. VIRTVTIBVS MAIORVM VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPDÀs Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas”. Aprecie o interior do Arco da Rua Augusta e deslumbre-se com a vista panorâmica de Lisboa, que dele se obtém, através da belíssima apresentação que se segue e que é da autoria de João Neves (Turista Em Casa).

segunda-feira, junho 25, 2012

I Got Rhythm

John Pizzarelli, Jr.  (1960) é um guitarrista, vocalista e compositor norte-americano de jazz nascido em Paterson, Nova Jersey. É casado com a cantora Jessica Molaskey e é filho de Bucky Pizzarelli, lendário guitarrista de jazz.
No seu trabalho musical é flagrante a influência da música brasileira, principalmente, da bossa nova.  John Pizzarelli já gravou dois álbuns inteiramente dedicados à música brasileira: Brazil (álbum de Rosemary Clooney em que ele toca e canta 4 canções), em 2000 e Bossa Nova, em 2004.
O guitarrista já se apresentou mais de uma dezena de vezes em várias capitais brasileiras e foi entrevistado em diversos programas da televisão daquele país, entre eles o Programa do Jô Soares, na rede Globo. John Pizzarelli homenageou Jô Soares dando o nome de Soares’ Samba a uma das suas composições, presente no álbum, "Bossa Nova".
Dizem as "más línguas" que  teria tido o primeiro contato com a música brasileira, em 1981, ao ouvir no rádio do seu carro a canção "Besame Mucho" interpretada por João Gilberto.
John Pizzarelli tem resgatado e reinventado os melhores standards do jazz. Ouça-o agora, numa apresentação ao vivo, interpretando "I Got Rhythm" de George Gershwin.

domingo, junho 24, 2012

Quadras Soltas a S. João

Não me estreites de maneira
Que me impeça respirar.
Lembra-te, amor, que a fogueira
Só arde se tiver ar!...

Mesmo fria, é sempre bela
A noite de S. João.
Nunca a orvalhada gela
Quando é quente o coração.

Sorri feliz, o menino,
Aos ombros do pai babado:
Um S. João pequenino,
Num altar improvisado.

Pode murchar a cidreira
Pode cair o balão
Pode morrer a fogueira
Nunca morre o S. João!

Ver os balões na subida
Mostrando ao mundo a fachada,
Faz lembrar os que na vida
Sobem cheiinhos de nada!...

Quando a Maria bailar
Com a saia de balão,
Até as nuvens do ar
Querem ser pedras do chão.

Ir numa rusga qualquer
É dança em que não me dou;
Se eu fosse como alguém quer
Nunca mais era quem sou!...

O pobre que faz, cantando,
Do lar, cascata modesta,
Vê nos seus filhos brincando
Os balõezinhos da festa!

Um miudo vagabundo,
Quando lhe dei o balão,
Pensava levar o mundo
Preso no fio da mão.

Na dança trocaste o passo,
Troquei o meu, em seguida...
E acertámos o compasso
Prá dança da vida!

Eu sou a fonte vadia
Dum S. João vagabundo
Que mata a sede à folia
Da maior noite do mundo.

Meu balão não é d'espanto!
Não tem vinda, só tem ida,
Leva risos, leva pranto...
Tudo faz parte da vida.

Com tua mão presa à minha
Fui à fonte e não bebi.
A estranha sede que tinha
Era só sede de ti!

Fogueiras de amor, já fiz,
Mas ocultei-lhes a chama.
A alma ama e não diz,
A boca diz mas não ama.

Pelo Santo António vi-te,
P'lo S. João fui falar-te;
No S. Pedro convenci-te,
Falta um santo p'ra deixar-te.

Sou ateu, mas faço santos,
Cascatas, figuração;
Faço risos, faço prantos;
Faço a vida ó São João!

Uma oculta semelhança
No baile vi traduzida:
São vida os passos de dança,
São dança os passos da vida.

O ferrenho "Zé tripeiro"
Passou a noite de vela;
Com S. João num craveiro
E o Porto na lapela...

Os olhos duma criança
São de luz, lá bem no fundo.
Dois balõezinhos de esperança
No céu cinzento do mundo.

Tem fé na vida, tem calma,
Tenta a sorte, que ele existe;
procura a sorte na alma
de um trevo que nunca viste...

Chinelinha de tacão,
São João, entrei na valsa.
Foi tão grande o trambolhão,
Dei por mim, estava descalça...

Eu sou fogueira cansada,
Mesmo assim quero ir à festa.
São João, vou p'rà noitada
Queimar a lenha que resta...

Nenhum santo é menos santo
Por estar numa cascata
Que um pobre ergueu, com encanto,
Num simples bairro de lata...

O casebre era a cascata,
E o velho, sentado ao fundo,
Era um S. João, sem data,
Com todo o sonho do mundo!

A fonte é como a mulher
Que ama sem ser amada;
Não bebe e dá de beber,
Só beija quando é beijada.

Meu amor foi um balão
Que depressa se perdeu.
Bastou-me soltar-lhe a mão
E foi um ar que lhe deu!

Nos bailes de S. João
Troquei penas por compassos.
Por isso cumpro prisão
Na cadeia dos teus braços.

Minha mulher, meu enlevo,
Balão, manjerico e brasa...
- Por que hei-de ir atrás do trevo
Se já tenho a sorte em casa?

Não ouças, não digas nada,
Deixa lá falar quem fala;
Pois o melhor da noitada
É aquilo que se cala...

Acabada a reinação,
Vim da festa acompanhado.
Quis passar por gavião,
Acabei pombo anilhado.

No S. João tu não andes
À noite nas Fontainhas;
Deixa essas festas grandes
Que eu faço-te umas festinhas...

Se não me queres, só me resta
Vir da festa antes do fim.
Não me interessa estar na festa
Sem a festa estar em mim!

Ah poeta! Tu desfolhas
Tua sorte em tons diversos:
No trevo de quatro folhas,
Na trova de quatro versos...
Quadras populares, de diversos autores, "pescadas" na net.