sábado, abril 13, 2013

Amor


Amor, amor, amor, como não amam
os que de amor o amor de amar não sabem,
como não amam se de amor não pensam
os que de amar o amor de amar não gozam.
Amor, amor, nenhum amor, nenhum
em vez do sempre amar que o gesto prende
o olhar ao corpo que perpassa amante
e não será de amor se outro não for
que novamente passe como amor que é novo.
Não se ama o que se tem nem se deseja
o que não temos nesse amor que amamos,
mas só amamos quando amamos o acto
em que de amor o amor de amar se cumpre.
Amor, amor, nem antes, nem depois,
amor que não possui, amor que não se dá,
amor que dura apenas sem palavras tudo
o que no sexo é sexo só por si amado.
Amor de amor de amar de amor tranquilamente
o oleoso repetir das carnes que se roçam
até ao instante em que paradas tremem
de ansioso terminar o amor que recomeça.
Amor, amor, amor, como não amam
os que de amar o amor de amar o amor não amam.
Jorge de Sena, Peregrinatio ad loca infecta (1969)

sexta-feira, abril 12, 2013

Israel

Israel, oficialmente Estado de Israel, é uma república parlamentar localizada no Oriente Médio, ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo. O país faz fronteira com o Líbano (norte),  a Síria  (nordeste),  a Jordânia e a Cisjordânia (leste), com o Egipto e a Faixa de Gaza (sudoeste), e com o Golfo de Aqaba, no Mar Vermelho (sul). Geograficamente é um país pequeno muito diversificado. Israel é um  "Estado Judeu e Democrático". Após a adopção de uma resolução pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947, recomendando a adesão e implementação do Plano de Partilha da Palestina para substituir o Mandato Britânico, em 1948, David Ben-Gurion, o chefe-executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, declarou o estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, a ser conhecido como o Estado de Israel, uma entidade independente do controle britânico. As nações árabes vizinhas invadiram o recém-criado país no dia seguinte, em apoio aos árabes palestinianos. Israel, desde então, travou várias guerras com os Estados árabes circundantes, no decurso das quais ocupou os territórios da Cisjordânia, Península do Sinai, Faixa de Gaza e Colinas de Golã. Partes dessas áreas ocupadas, incluindo Jerusalém Oriental, foram anexadas por Israel, mas a fronteira com a vizinha Cisjordânia ainda não foi definida de forma permanente.
Israel assinou tratados de paz com o Egipto e a Jordânia, porém os esforços para solucionar o conflito israelo-palestiniano, até agora não resultaram em paz.
O centro financeiro de Israel é Tel Aviv e Jerusalém é a cidade mais populosa do país e a sua capital (embora não seja reconhecida como tal pela comunidade internacional). A população israelita, em 2012, era de 7 879 500 pessoas, das quais 5 930 000 são judeus. Os árabes formam a segunda maior etnia do país, com 1 622 500 de pessoas. A grande maioria dos árabes israelitas são muçulmanos, além de uma população menor, mas significativa, de beduínos do Negev, e ainda de cristãos árabes. Há ainda outras minorias étnicas e etno-religiosas, como os drusos, os circassianos, os samaritanos, os maronitas, etc. Se quiser ficar a conhecer melhor este país, aconselho-o a ver a apresentação que se segue.

quinta-feira, abril 11, 2013

Brinde no Banquete Das Musas


Poesia, marulho e náusea,
poesia, canção suicida,
poesia, que recomeças
de outro mundo, noutra vida.

Deixaste-nos mais famintos,
poesia, comida estranha,
se nenhum pão te equivale:
a mosca deglute a aranha.

Poesia, sobre os princípios
e os vagos dons do universo:
em teu regaço incestuoso
o belo câncer do verso.

Azul, em chama, o telúrio
reintegra a essência do poeta
e o que é perdido se salba...
Poesia, morte secreta.
Carlos Drummond de Andrade -  "José e outros poemas"

quarta-feira, abril 10, 2013

Vencer Al Amor

A minha proposta de hoje tem a ver com música. Ouça um excelente dueto ibérico: Paulo Gonzo e India Martinez interpretam «Vencer Al Amor" na Gala da TVI 20 Anos.
Paulo Gonzo, é um cantor português (1956) que foi fundador do grupo "Go Graal Blues Band". Em 1984 começa uma carreira a solo, a par do seu trabalho na banda, lançando em 1986, um álbum de covers. Em 1992 edita o primeiro disco cantado em português "Pedras da Calçada", que é um enorme sucesso, em grande parte devido ao tema "Jardins Proibidos". De então para cá tem alternado as edições cantadas em inglês e português. Em Novembro de 1993 é publicada a colectânea "My Best" com os seus maiores sucessos em inglês. O álbum "Fora d' Horas", com produção de Frank Darcel, é editado em 1995. O disco inclui letras de Pedro Abrunhosa ("Lugares" e "Acordar"), Rui Reininho e Pedro Malaquias. Em 1997, Paulo Gonzo lança "Quase Tudo". Os maiores sucessos deste disco são uma nova versão de "Jardins Proibidos" com a participação de Olavo Bilac e "Dei-te Quase Tudo". Em 1998 edita o álbum "Suspeito" com produção de Frank Darcel e com uma participação especial de James Cotton (ex-trompetista de Miles Davis). "Ao Vivo Unplugged", é editado em 1999. O disco revisita uma grande parte do percurso a solo de Paulo Gonzo. O álbum "Mau Feitio", gravado na Bélgica, é editado em 2001. Tito Paris e African Voices são alguns dos convidados do disco. Em 2011 Paulo Gonzo lançou «Só gestos». O disco inclui um dueto com India Martínez, a atual cantora-sensação de Espanha.
India Martínez (1985), é uma cantora espanhola que foi nomeada para os Prémios Grammy Latinos em 2009 como," Mejor Nuevo Artista" . Em 2012 recebeu o "Prémio Cadena Dial" e o seu trabalho "Trece Verdades", foi Disco de Ouro. Esta cantora revela uma enorme influência da música flamenga, já que estudou dança e música flamenga, desde muito nova. Viveu em Roquetas de Mar (Almería) onde cantou na zona do porto pesqueiro tendo aí adquirido o apelido de "La Niña del Puerto". No entanto, só em 2004 é que publica o seu álbum de estreia: "Azulejos de Lunares". Este álbum inclui boleros clássicos e tangos. Em 2009 publica o seu segundo álbum: "Despertar". No disco Despertar, India Martínez recorre a diferentes estilos musicais latinos como, a rumba, os tangos, os romances, a "alboreá" ou a "trilla", misturados com sons étnicos, com o objectivo de misturar diferentes estilos musicais e recordar as suas origens. Não perca este excelente dueto ibérico. 

terça-feira, abril 09, 2013

O Museu do Prado

O Museu do Prado é o mais importante museu de Espanha (Madrid) e um dos mais importantes do Mundo. Foi mandado construir por Carlos III, mas, só foi inaugurado no reinado de Fernando VII. Este importante museu alberga belas e preciosas obras de arte, que se constituem em inúmeras e valiosíssimas colecções, entre elas, as de pintura e escultura. A colecção de pintura é bastante completa e complexa, englobando pintura espanhola, francesa, flamenga, alemã e italiana. Bela e interessante é a colecção de pintura francesa. Esta deriva das relações hispano-francesas no século XVII e das aquisições de alguns reis e nobres espanhóis, como Filipe IV e Filipe V, reunindo obras de pintores como Nicolas Poussin, Claude Lorrain, Van Loo e de Antoine Watteau. A colecção de pintura espanhola é a mais importante do museu, sendo a que lhe concede o renome internacional. Obedecendo a um critério cronológico, o Prado expõe desde os murais românicos do século XII à produção de Francisco Goya. Esta colecção alberga obras de pintores espanhóis de fama internacional, como José de Ribera, José de Madrazo y Agudo e o filho deste, Federico de Madrazo y Kuntz, Esteban Murillo, Velázquez e Goya. Já a colecção de escultura é composta por mais de duzentas e vinte esculturas da Antiguidade Clássica, trazidas de Itália entre os séculos XVI e XIX. A colecção alberga esculturas que vão do período greco-arcaico ao período helenístico, e ainda obras do Renascimento. Se ainda não conhece este Museu, ou não pode ir até lá, não deixe de ver a belíssima apresentação que se segue.

segunda-feira, abril 08, 2013

As aldeias


Eu gosto das aldeias sossegadas,
com o seu aspecto calmo e pastoril,
erguidas nas colinas azuladas,
mais frescas que as manhãs finas de Abril.

Pelas tardes das eiras, como eu gosto
de sentir a sua vida activa e sã!
Vê-las na luz dolente do sol-posto,
e nas suaves tintas da manhã!...

As crianças do campo, ao amoroso
calor do dia, folgam seminuas,
e exala-se um sabor misterioso
de agreste solidão das suas ruas.

Alegram as paisagens as crianças
mais cheias de murmúrios do que um ninho:
e elevam-nos às coisas simples, mansas,
ao fundo, as brancas velas dum moinho.

Pelas noites de Estio, ouvem-se os ralos
zunirem nas suas notas sibilantes...
E mistura-se o uivar dos cães distantes
com o cântico metálico dos galos.
Gomes Leal - Claridades do Sul 

domingo, abril 07, 2013

Almada Negreiros

Comemoram-se hoje 120 anos do nascimento de Almada Negreiros. Almada Negreiros foi um escritor e artista plástico português que nasceu em S. Tomé e Príncipe (na Roça da Saudade), a 7 de Abril de 1893. Foi um dos fundadores da revista “Orpheu”(1915), que introduziu o modernismo em Portugal, onde conviveu de perto com Fernando Pessoa. Além da literatura e da pintura a óleo, Almada desenvolveu ainda composições coreográficas para ballet. Trabalhou em tapeçaria,  gravura, pintura mural, caricatura, mosaico, azulejo e vitral. Faleceu em 1970 no Hospital de S. Luís dos Franceses, em Lisboa,  no mesmo quarto onde morrera o seu amigo Fernando Pessoa.
Almada passou do figurativismo e da representação convencional dos primeiros tempos, para a abstracção geométrica, matemática e numérica que caracteriza as suas últimas obras.
Se não conhece Almada, assista aos vídeos abaixo. No primeiro, Almada Negreiros é entrevistado por Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz na primeira emissão do programa Zip Zip, transmitido a 24 de Maio de 1969 na RTP. "O Zip-Zip, foi um dos primeiros talk-shows da televisão portuguesa e conquistou grande audiências. No segundo aprecia em vídeo algumas das suas obras.