sábado, fevereiro 21, 2015

Órgão do Mar

O que lhe proponho que conheça hoje, é muito interessante e deveras origina! É o Órgão do Mar, que se localiza na costa da cidade de Zadar, Croácia.
O Órgão do Mar é um objeto arquitetónico e um instrumento musical experimental (que toca música pela acção das ondas do mar).
Este instrumento foi projectado pelo arquiteto Nikola Basic como parte do projeto para redesenhar a nova cidade da costa (Nova riva).
Foi criado em 2005 e ganhou o  "European Prize for Urban Public Space" (Prémio Europeu Para Espaços Públicos Urbanos).
Este Órgão do Mar é constituído por degraus cravados nas rochas e que têm no seu interior um interessante sistema de tubulações. Estas quando empurradas pelos movimentos do mar, forçam o ar e, dependendo do tamanho e velocidade da onda, dão origem a notas musicais, que permitem a criação de sons aleatórios.
O Órgão do Mar recebe turistas de várias partes do mundo que vêm ouvir, não só esta  música original, que traz muita paz, mas também apreciar o belo pôr-do-sol desta bela cidade do litoral da Croácia.
A cidade de Zadar foi duramente castigada durante a 2ª Guerra Mundial. A criação deste órgão permitiu devolver um pouco do que a cidade perdeu, com tanta destruição e sofrimento.
São Vários os sítios da net onde pode ouvir este órgão marinho, entretanto, aprecie a sua música vendo o vídeo que se segue. Não perca. Vale bem a pena.

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

" DIZ-ME ONDE MORAS" ...

Para quem não leu, aqui fica o "Diz-me Onde Moras" do Miguel Esteves Cardoso. Vale a pena.
"Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada. Por exemplo, há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide. Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide. Nunca mais ninguém o viu. Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia!
Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em -ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide.
Um palácio com sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que umas águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço.
Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre imediatamente quem disser que mora em Massamá, Brandoa, Cumeada, Agualva-Cacém, Abuxarda, Alformelos, Murtosa, Angeja, ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola.
Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz de Pau.
(...)
Ao ler os nomes de alguns sítios - Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na Europa.
De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar?
Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses.
 Imagine-se o impacto de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar.
Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho).
E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?", Só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz).
 É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro?
Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda.
Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso?
Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas?
É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra".
Ninguém é do Porto ou de Lisboa.
Toda a gente é de outra terra qualquer. Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir.
Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro). É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros ("I am from the Fountain of Drink and Go Away...").
Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa.
Verá que não é bem atendido. (...) Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte de Lima !!!
Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros.
Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo : Não Sei, A Mousse é Caseira, Vai Mais um Rissol. (...)
 Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do Bogadouro (Amarante), depois de ter parado para fazer um chichi em Alçaperna (Lousã).
 Miguel Esteves Cardoso

"PS. Só faltou referir o Triângulo Erótico da Bairrada (Ancas, Bustos, Mamarrosa), já para não falar da Venda da Gaita e Coito (Tomar).
Tenho um colega alentejano e amigo, de poucas palavras,  que, quando fazia compras para a escola, nunca queria que lhe pusessem o nome da localidade na factura, porque tentou duas vezes e não gostou de ter de repetir o nome e da expressão da atendedora. Ele esteve quatro anos a lecionar na localidade de "Picha" (Pedrógão)."

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Sonho

Agostinho da Silva (13 de Fevereiro de 1906 —1994) foi um filósofo, poeta e ensaísta português, que passou um considerável tempo da sua vida no Brasil.
O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano.
"O Sonho" de Franz Scala -  1919-1920.
Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático empenhado, através da sua vida e obra, na mudança da sociedade. Assinalando o centenário do seu nascimento aqui lhe deixo um dos seus poemas.

Teria passado a vida
atormentado e sozinho
se os sonhos me não viessem
mostrar qual é o caminho

umas vezes são de noite
outras em pleno de sol
com relâmpagos saltados
ou vagar de caracol

quem os manda não sei eu
se o nada que é tudo à vida
ou se eu os finjo a mim mesmo
para ser sem que decida.
Agostinho da Silva  -  "Poemas"

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Morte do Galo do Entrudo

O Julgamento e Morte do Galo do Entrudo é uma outra forma de brincar ao carnaval. Acontece na cidade da Guarda, Região Centro de Portugal.
É um Carnaval 100% português, que está baseado em tradições populares como a queima do Entrudo.
Um espectáculo comunitário, baseado na cultura tradicional, onde desfilam centenas de participantes oriundos das colectividades do concelho e também actores, músicos e animadores profissionais.
O Galo representa a Crise, a Corrupção e todos os outros males que afligiram os portugueses durante o ano. O Galo é, por isso, julgado em Praça Pública (neste caso na Praça Velha) e queimado num ritual expiatório.
O Julgamento do Galo é uma tradição de diversas localidades portuguesas, nomeadamente do concelho da Guarda, que aproveitam esta época do ano para espantar os seus males.
Centenas de pessoas das colectividades do concelho da Guarda participam activamente no espectáculo comunitário "Julgamento e Morte do Galo do Entrudo", que tem produção do Teatro Municipal da Guarda/Culturguarda, sendo uma parceria entre a Câmara Municipal e a Agência para a Promoção da Guarda.

terça-feira, fevereiro 17, 2015

O Carnaval de Torres Vedras: "O mais português de Portugal"

O Carnaval de Torres Vedras é das poucas festividades de carnaval que se mantêm fiéis às tradições da comemoração do Entrudo em Portugal. Este carnaval conta, na celebração destes dias de festa, com a participação espontânea de milhares de cidadãos.
Actualmente o Carnaval de Torres é organizado pela Câmara Municipal de Torres Vedras, pela Real Confraria do Carnaval de Torres e pela empresa municipal de organização de eventos Promotores.
Nos corsos participam os carros alegóricos, os grupos de desfile, as "matrafonas" (homens mascarados de mulher) e os famosos cabeçudos (bonecos gigantes) acompanhados pelos "Zés-Pereiras". Contudo, muitos são os populares que se associam à folia, maioritariamente mascarados, e que desfilam nos espaços livres entre os carros alegóricos e os grupos de desfile.
A interacção entre o público e os mascarados é feita através do arremesso de "cocotes" (pequenos objectos, feitos de papel e restos de serradura e borracha) entre ambos. No sabado à noite há um desfile de grupos de mascarados, que nos últimos anos contou com mais de 3000 figurantes.
A música é também toda ela local, tentando manter as raízes portuguesas. O "tocandar" é o veiculo fabricado pela câmara para fazer de palco móvel à banda torrenense "Improviso Jazz" que anima o Carnaval com música brasileira e portuguesa.
O Carnaval de Torres Vedras auto -  intitula-se de "O mais português de Portugal". Se não acredita, assista ao vídeo que se segue.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

As Máscaras

Caretos de Podence
Uma máscara é um acessório utilizado para cobrir o rosto com diversos propósitos: lúdicos (como nos bailes de máscaras e no carnaval), religiosos, ritualísticos, artísticos ou de natureza prática (máscaras de proteção).
A palavra tem, provavelmente, origem no latim "mascus" ou "masca" que significa "fantasma", ou no árabe "maskharah" que significa "palhaço" ou  "homem disfarçado". Algumas tribos africanas usam, por vezes,  as máscaras em cerimónias de passagem entre a vida e a morte.
A máscara é, possivelmente, o mais simbólico elemento da linguagem cénica utilizado, através de toda história do teatro. O seu uso, provavelmente, remonta à representação da cabeça de animais em rituais primitivos, quando o objeto em si ou o personagem que o usava, representavam algum misterioso poder.
Das variadíssimas manifestações de entrudo ou de carnaval, realizadas de norte a sul do nosso país,
Aldeias de Xisto -  Lousã
gostaria de chamar a atenção para aquelas que continuam a manter-se fiéis às tradições rurais e que utilizam as máscaras nos seus trajes.
Desse grupo restrito, faz parte o Carnaval de Podence (Macedo de Cavaleiros), com os seus Caretos.
O careto é um personagem mascarado do carnaval de Trás-os-Montes e Alto Douro. É um homem que usa uma máscara com um nariz saliente feita de couro, latão ou madeira pintada com cores vivas, amarelo, vermelho ou preto.
Os "caretos" (rapazes solteiros) são as figuras principais da festa, desconhecendo-se, no fundo, a sua verdadeira origem e significado.
Caretos de Lazarim
Simbolicamente associados, na crença popular, "ao espírito do mal", ou a tudo aquilo que se afigure misterioso – forças sobrenaturais e ocultas, curandeiros, bruxos, poderes diabólicos e ao próprio Satanás. Gozam de total impunidade durante este curto período do Entrudo.
Outro entrudo deslumbrante é o de Lazarim. Lazarim é uma pequena aldeia do Norte do distrito de Viseu que é conhecida pelo seu carnaval que também inclui os caretos - máscaras tradicionais esculpidas pelas mãos de artesãos locais em madeira de amieiro – e que saem à rua nesta altura do ano.
O Carnaval de Lazarim centra-se no confronto verbal entre dois grupos sociais, as comadres e os compadres. Estes têm um período de duas semanas para os preparativos: a semana dos compadres e a semana das comadres. Os artesãos de máscaras, pelo contrário, iniciam a sua constr
Aldeias de Xisto -  Lousã
ução logo após o termo das festividades do ano anterior. Os grupos das comadres e dos compadres entram em cena na Terça-feira de Carnaval. A crítica social, que tem como mote a rivalidade entre homens e mulheres, é trazida a público num cortejo hilariante. Terminada a crítica segue-se a queima dos bonecos representativos de personagens de ambos os grupos. Tudo termina em convívio, com comida e bebida e uma grande festa.
As máscaras estão também a reanimar o Entrudo das aldeias de Xisto da Serra da Lousã (concelho de Góis). Um velho cortiço, que albergou milhares de abelhas durante anos, pode ser máscara por um dia, na corrida do Entrudo da Serra da Lousã.

domingo, fevereiro 15, 2015

Chocalhando: Os Caretos de Podence




Assista ao vídeo promocional "Chocalhando" que tem como objetivo a divulgação do Entrudo Chocalheiro 2015 e dos Caretos de Podence.
A alegria, a diversão e a tecnologia são o mote para manter uma tradição viva.